MOVÉIS ANTIGOS NA DECORAÇÃO MODERNA
É muito difícil diferenciar o que é antigo do que é clássico, mas podemos começar dizendo que peças clássicas são aquelas que nunca saem de moda, ou seja, correspondem a um estilo, obedecem a uma ordem estética que mesmo distante ainda tem significado em nossa atual cultura; o mesmo não ocorre com peças antigas, que simplesmente envelheceram, e que, em geral não possuíam valor estético de destaque no passado e não encontram significado no presente. Sendo assim mantenha as primeiras e livre-se das segundas!
1. Afinal, é vantajoso reaproveitar móveis antigos? Por quê?
Em geral, os móveis antigos – antigos mesmo- são mais resistentes e espaçosos; esse já é um bom motivo para preservá-los, porém muitas vezes não se encaixam na proposta dos ambientes e, dadas as reduzidas dimensões dos ambientes das construções modernas, podem ser um entrave às soluções arquitetônicas. Uma ou outra peça pode ser recuperada e valorizada. Gosto muito de baús, cômodas e cristaleiras; são peças que não possuem similares na produção moveleira atual. Há peças mais recentes (anos 1960 e 1970) cujo destaque é a forma, o colorido e a identificação com uma época.
2. Qualquer estilo de decoração aceita móveis antigos mesmo reciclados/atualizados? Há o risco de ficar cafona?
Há casos e casos. Há casas em que a mobília antiga foi ficando pois não houve renovação; isso é diferente de optar por trazer uma peça e incluí-la numa ambientação. Os ambientes parados no tempo são complicados pois em geral os moradores agregam elementos contemporâneos e aí o “pastiche” gera um ambiente desarmônico. Imagine uma sala com tacos em madeira, sofás e cadeiras dos anos 1930 um tapete persa e de repente uma luminária com lâmpadas fluorescentes- tipo plafon, persianas horizontais de alumínio, TV de LCD sobre rack preto e um pôster original do filme Jornada nas estrelas. É difícil ver harmonia nisso!
Muito se fala do “Vintage”, termo que migrou da moda para outras áreas e que se refere a tudo aquilo que é antigo mas tem valor! Creio que há muitas coisas interessantes nesse sentido e elas podem ser utilizadas sem excessos, uma peça aqui , outra ali. Adoro ver lustres de cristal antigos em decorações contemporâneas, por exemplo; ou até mesmo cadeiras Luis XV nas cabeceiras de mesas de jantar onde as demais cadeiras são super simples.
3. Se eu optar por usar móveis antigos, comprados em antiquários, há riscos de terem cupins ou brocas? Como posso saber?
Isso é um problema sério. Vale tratar o móvel antes de colocá-lo na sua casa. Peça ao vendedor um banho de produto contra cupins e uma averiguação no móvel. Uma garantia mínima deve ser dada pelo vendedor. Lembre-se de que o móvel pode necessitar um banho de verniz, um polimento e até mesmo uma pátina para se adequar ao novo ambiente. Móveis de antiquários ou de lojas de móveis velhos são paraísos de cupins, temos que tomar cuidado até mesmo com molduras e esculturas.
4. Para uma decoração de quarto de criança posso usar móveis antigos? Fica pesado?
Ficam muito bonitos. Os armários da vovó cheio de entalhes, e até mesmo berços antigos são difíceis de encontrar. Ficam muito bem pintados em branco ou no tom do ambiente. Se você tiver um armário e uma cômoda, ótimo, pois o berço pode ser de outro estilo e teremos um ambiente bastante elegante para o bebê até uns 3 ou 4 anos quando as necessidades de espaço mudam e devemos passar a pensar o quarto com mais espaço para brinquedos, roupas e espaço para brincar e estudar. É bom lembrar que os armários e móveis antigos tinham maiores dimensões que os atuais e vai depender muito das dimensões do ambiente que receberá os móveis para termos um bom resultado.
5. Ouço dizer que os móveis novos não são tão bons quanto os antigos, de madeira maciça em muitos casos. Isso é verdadeiro?
Não, isto não é bem assim. Hoje há opções para todos os gostos e bolsos. As grandes lojas vendem móveis de madeira aglomerada ou compensada que com certeza resistirão menos ao tempo podendo haver problemas com o desgaste das ferragens e articulações, mas há fabricantes com materiais tão nobres quanto as madeiras já extintas como o jacarandá, a cabreúva, o cedro imperial. Tudo tem a ver com o momento. Hoje todos pensam em trocar de casa, ou apartamento em um período de tempo menor e os móveis não precisam ser para as gerações futuras. Há sessenta anos , nossos avós compravam móveis para durar duzentos anos; tudo isso mudou após os anos 1960, a mobília entrou na onda da renovação assim como os carros, os eletrodomésticos e o vestuário. E assim como a moda, há peças que não saem de moda, vale a pena guardar e usar.
6. Móveis antigos podem ser usados para uma decoração de casa de praia? Como?
Bem, costumamos ver móveis antigos nas decorações de praia e campo mais pelo fato de que a mobília é trazida para essas casas pela substituição dos móveis na casa principal da cidade dos proprietários. Ou seja, já que um novo conjunto estofado é adquirido na casa principal, o conjunto antigo vai para a casa de praia ou para a casa do campo, o mesmo acontecendo com o fogão, geladeira e demais peças da casa. Isto não deveria ser uma regra já que as casas de lazer deveriam receber decoração apropriada a cada clima, a cada situação. Já vimos móveis antigos mofando em apartamentos de fim de semana na praia, ou sofás multicoloridos e jogos de cadeiras de acrílico em casas de fazenda em total desarmonia. Vale o bom senso ou o apoio de um arquiteto ou decorador para deixar todos os ambientes equilibrados.
7. Quais os cuidados na hora de comprar móveis antigos/usados?
Nem sempre móvel antigo significa móvel barato, nem mesmo móvel confortável ou durável. Há fábricas especializadas em criar peças novas com design antigo em madeiras menos nobres. Vale consultar amigos e especialistas para saber de indicações. Também não são verdadeiras as lendas de que as lojas mais baratas só possuem móveis com cupins, pois há coisas muito interessantes nesses lugares. Em cidades como São Paulo há vários pólos de móveis usados, mas lembre-se de que antiguidade não é o mesmo que móvel velho. Há peças clássicas que por seu design possuem valor de peça de arte, por terem sido importadas, ou produzidas em pequena escala; outras são simplesmente antigas. Valem os cuidados com cupins, tons de madeiras e estado de conservação.
8. Em quais casos você não recomenda adquirir móveis antigos/usados?
Se sua decoração necessita de um toque retrô, de alguma coisa que chame a atenção, invista nisso. Quando falamos de peças antigas estamos falando também de peças dos anos 1960 e 1970 que já são raridades e antiguidades. Há cadeiras de designers famosos, peças em acrílico, plástico e metal. Há luminárias típicas e até mesmo relógios de parede ou de mesa que marcaram uma época. Até mesmo um charmoso telefone de disco pode ser o ponto focal numa decoração minimalista e sonsa. Não acho interessante optar pelos antigos quando há peças de grifes novinhas ainda sendo produzidas com o mesmo design, caso das poltronas Barcelona ou dos estofados Le Corbusier.